A pandemia de covid-19 evidenciou aos brasileiros a importância de se ter uma reserva de emergência para salvar as finanças em momentos de gastos ou perda de renda inesperados.
Enquanto 44% dos brasileiros declararam poupar dinheiro para emergências em abril de 2020, no início da pandemia, o número saltou para 57% em junho deste ano, de acordo com uma pesquisa da fintech Neon.
O levantamento mostra ainda uma mudança no perfil das pessoas que tinham reservas financeiras. Em abril do ano passado, 76% das pessoas com dinheiro guardado para emergências tinham renda familiar de até R$ 4.180 e em 24% dos casos a renda ficava acima desse patamar. No mês passado, 63% tinham renda de até R$ 4.180 e 37% acima disso.
Renda extra
Entre as pessoas que disseram realizar atividades para complementar a renda, 26% tinham renda familiar mensal, em maio, entre R$ 2.090 e R$ 4.180, enquanto em junho o número de pessoas em busca de alternativas para aumentar sua receita subiu para 33% nessa faixa de salário.
Na parcela de ganho familiar de R$ 2.090 a R$ 4.180, 12% faziam atividades para renda extra em maio, e agora são 17%. Na camada de renda entre R$ 1.045 e R$ 2.090, 29% declararam complementar renda em maio de 2020 com atividades extras, mas esse número caiu para 25% no mês passado.
Nos salários familiares mais baixos, entre R$ 522 e R$ 1.045 mensais, 19% disseram complementar a renda em maio do ano passado, mas essa parcela também caiu para 12% em junho deste ano.
A necessidade de complementar renda foi maior entre as pessoas físicas do que entre os que têm CNPJ – eram 53% em abril de 2020 e passou para 57% em junho deste ano. A participação dos trabalhadores formais (com carteira assinada) entre aqueles que realizaram alguma atividade para complementar renda aumentou, saltando de 43% em maio do ano passado para 57% em junho.
O estudo da Neon, com nível de confiança de 95% e margem de erro de 4%, foi realizado por meio de questionários entre clientes da fintech nos meses de abril, maio e setembro de 2020 e junho de 2021.
Reserva de emergência
Daniel Jannuzzi, economista da Magnetis, orienta acumular o equivalente a 3 a 6 meses de seu custo fixo mensal, mas há quem recomende até 12 meses, dependendo da sua situação de renda, se é CLT ou profissional liberal, por exemplo.
Para profissionais autônomos, Luciana Ikedo, planejadora financeira e assessora de investimentos, orienta de 6 a 12 meses de colchão contra acontecimentos inesperados.
Esse valor pode variar de acordo com a estrutura familiar, se é a única renda da casa ou se há outras pessoas trabalhando em regime CLT que possam arcar com as despesas momentaneamente, por exemplo.
“Um profissional autônomo costuma ter uma flutuação maior das suas receitas, por isso deveria considerar uma sugestão mais conservadora, que seria ter pelo menos 12 meses dos seus gastos mensais guardados numa reserva”, explica Fernanda Alves, assessora de investimentos da Praisce.
Ikedo lembra que quem trabalha com carteira assinada e não usou o FGTS em outros momentos da vida tem direito a essa ajuda em casos de desligamentos involuntários, ou seja, se você não pediu demissão nem foi demitido por justa causa.
O tempo de contribuição também faz diferença. Enquanto quem está empregado com CLT precisa ter um olhar mais conservador sobre sua reserva de emergência, quem está no mercado formal há pelo menos cinco anos pode acumular uma reserva menor, equivalente a três meses de seus gastos, aponta a planejadora financeira.
Esses gastos devem levar em consideração despesas que não podem ser cortadas ou reduzidas, como moradia, alimentação, água, luz e internet, por exemplo.
E as compras parceladas em muitas vezes no cartão de crédito? Ikedo lembra que uma vida financeira saudável inclui o limite máximo de endividamento de 30% de sua renda, isso inclui a parcela do carro e também pequenos gastos do dia a dia que foram parcelados.
Com informações do Valor Investe
Fonte: Contábeis